Reprodução de Ás de Ouros, personagem do ebook multimídia "O Jogo dos Papeletes Coloridos" - aquarela de Paulo Santoro - 29 cm X 43 cm, adesivada em placa MDF 6mm, pronto para pendurar.

Trecho do Capítulo "Gablas, o último mágico", de O Jogo dos Papeletes Coloridos

" ... — Sete?

— É, ele é um número, digamos, especial, misterioso, nunca percebeu? Tem suas histórias, conhece muita, muita coisa...Você sabia que entre as cartas, muitos falam que ele é muito mais velho que o rei K? E que muito antes das cortes se formarem, ele já trabalhava há tempos? Ora, pense um pouco, J, lembre-se do papel central que ele desempenha, por exemplo, no ancestral jogo de dados: 1+6, 2+5, 3+4, todas combinações levam a ele, sempre ele é o ponto médio, a referência estatística, a balança mediana, o centro, o objetivo...

— Ora, vamos, Val, puxe pela sua memória cultural: sete pecados capitais, sete cores do arco-íris, sete sábios da Grécia, sete dias para a criação do Mundo, sete dias da semana, sete pragas do Egito, sete são as Divindades que comandam a Natureza, sete cabeças da Hidra, o Candelabro de sete braços, as sete notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si), os sete palmos das sepulturas, os sete anões da Branca de Neve... — e arrematou:

— Ele já viu muita coisa... tente com ele.

Virei-me, algo surpreso. Nove tinha razão: Sete estava lá, representando agora a equação de Gablas. Impassível, sereno, parecia superior a tudo. De repente, a ideia de que ele era muito velho, que era algum tipo de ancião, talvez sábio, parecia cair-lhe especialmente bem. Pensando melhor, Sete, de fato, detinha uma espécie de atração entre as outras cartas: tratavam-lhe com respeito, ou talvez, com uma respeitosa atenção, diria melhor. Era bem o oposto de uma outra unanimidade corrente entre nós; da mesma forma que respeitavam Sete, detestavam a Ás, o primeiro ministro, posicionado agora um pouco longe à esquerda, sempre disponível, sempre pronto a tomar o lugar do Rei, sempre atento a qualquer movimento, qualquer conversa que pudesse interessar a ele, pronto a iniciar alguma cizânia, que melhorasse sua posição de pretenso sucessor de plantão. Ás pode ser perigoso, mas Sete, misterioso.

Tomado de alguma emoção, arrisquei arriscar:

— Senhor Sete?..."

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